Neste momento, ainda ando à roda de "Sôbolos Rios que vão", de António Lobo Antunes. Sim porque não desisto facilmente e, se o primeiro foi difícil, este também não se revelou nada fácil.
Neste livro, a história passa-se entre os últimos dias de Março e Abril de 2007. Após uma operação, o narrador ainda confuso pela anestesia e pelas dores, contando fragmentos das suas memórias e das suas fantasias. Fala-nos da sua família, da terra onde passou a sua infância e dos seus temores com a ideia de morte que toda a situação de doença lhe trouxe. O próprio titulo é uma incógnita.
Desta feita ainda, o livro faz-nos passear pela mente de um homem perturbado. Não sendo fácil desenredar o real do imaginário. Um livro que tem tanto de literário, de romance, como de ficcional. Um texto por vezes puramente criativo, como se o escritor pusesse no papel todas as palavras que lhe surgem na mente, mas se assim fosse, quão arrumada esta mente poderia ser?
Tal como referido na wikipedia, "António Lobo Antunes tornou-se um dos escritores portugueses mais lidos, vendidos e traduzidos em todo o mundo" o que vem valorizar o seu trabalho. No entanto, o escritor ganha uma faceta mais densa e obscura que não é compatível com as suas primeiras obras. "Pouco a pouco, a sua escrita concentrou-se numa temática concreta, adensou-se sem grande eficácia narrativa, ganhou em espessura e perdeu em novidade, compensando isto com recurso ao confronto e ao choque. De um modo impiedoso e obstinado, o autor trata a sua visão distorcida sobre o Portugal do século XX."
Pela curiosidade em saber o que os outros achavam da obra deste escritor, obtive esta descrição que traduz exatamente o que eu senti e as minhas dificuldades na interpretação do texto: a densidade.
"O leitor tem algum esforço de leitura porque, por exemplo, não é raro haver mudanças de narrador e assim o leitor tem tendência a «perder o fio à meada»." Da mesma forma, "ocorre muitas vezes numa descrição ou pensamento do que está a acontecer a um personagem aparecerem sobrepostos tanto o que está "realmente" a acontecer como uma realidade imaginária."
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