Ainda não consegui terminar "Os anões" de Harold Pinter. Não tenho tido tanto tempo como gostaria para ler, mas por outro lado, acho o livro complicado. Ainda não percebi a história e já vou no capítulo 17. Nem sei se o acabe de ler. Por um lado, tenhos outros para começar e este não me está a interessar muito, mas por outro lado, ainda tenho uma réstia de esperança de compreender a história e de perceber o porquê deste ser um autor Nobel. Perceber as personagens era meio caminho andado para compreender a história, mas a aparência simples de cada frase e de cada diálogo, sobre o quotidiano destas quatro vidas que se misturam, fazem-me ter aquela sensação de quando acendemos a televisão e apanhamos um filme a meio: mesmo que vejamos o que resta, faltará sempre alguma coisa, existirá sempre um vazio que não ficará prrenchido enquanto não virmos o filme todo desde o início.
Todo o livro é um diálogo entre quatro personagens: Len, Mark, Pete e Virginia. Conversam curriqueiramente sobre tudo e mais alguma coisa: o tempo, a cor dos móveis, a religião, os sentimentos, a política. Sem se demorarem em qualquer dos assuntos e sem aprofudarem nenhum dos temas. As interjeições são frequentes e enriquecem os diálogos, mas também me baralham, porque muitas vezes não percebo se um "Hum" é de concordância ou de discórdia. As personagens também são muito dúbias, não as consigo caraterizar, não consigo percebê-las. A mim, parece-me que Virginia é uma mulher da vida. No entanto, a sua paixão é com Pete, seu companheiro.
"- Mas gostas dele, não gostas?
- Se gosto dele? gosto dele pois.
Pete cortou um tomate às rodelas e deitou um pouco de sal na beira do prato.
- Ele sabe escutar - disse Virginia.
- É um reaccionário. é o que ele é. Outro dia tentou convencer-me que a solução para os meus problemas era ir para a cama mais vezes contigo. (...)
- Quer dizer que lhe disseste que não fazemos amor muitas vezes?
- Disse.
- Oh.
- Porquê? Importas-te?" (capitulo três)
Pete divaga longamente sobre temas vãos:
(...) "Sou o mais possível a favor do comportamento natural dos quartos, portas, escadas, tudo. mas não me posso fiar neles.. Quando, por exemplo, olho pela janela de um comboio, à noite, vejo as luzes amarelas, muito nítidas, vejo o que elas são, e vejo que estão paradas. Mas só estão paradas porque eu estou em movimento. (...) Por isso devem estar relativamente imóveis, pela sua própria natureza, uma vez que a própria terra está imóvel, o que, claro, não é verdade (...) Estou sentado num canto. Estou imóvel. Estou, talvez a ser mexido, mas eu não me mexo. E as luzes amarelas também não. O comboio mexe-se é certo, mas que tem um comboio a ver com o caso?" (capítulo 2)
Este é daqueles livros que poderia pôr de parte porque não me interessou minimamente. Mas quero terminar. Por teimosia, mais do que pelo gozo que me possa dar lê-lo. Pois só o terminando o poderei comentar. Alguém já o leu? Que acharam?
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domingo, 2 de outubro de 2011
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